v. 2 n. 4 (2023): Poder político em um país escravocrata: comércio de escravos, escravismo e resistência escrava
Por mais de trezentos anos a escravidão de africanos e de seus descendentes foi a principal forma de trabalho na colônia e nas plagas brasileiras. A América portuguesa contava com uma configuração demográfica composta, também, por pessoas trazidas da África, e muitas dessas eram colocadas para trabalhar nos mais variados labores, fomentando, assim, o sistema escravista brasileiro. Todavia, começaram, ainda na primeira metade do século XIX, a surgir ameaças que colocariam o sistema escravista brasileiro em xeque, uma dessas ameaças foi a pressão antiescravista inglesa.
O presente dossiê visou reunir pesquisas concluídas ou em andamento que versem sobre temáticas que envolvam o escravismo de africanos e/ou de seus descendentes, dentro do recorte temporal dos séculos XVIII e XIX. Na segunda metade do século XIX, a pressão antiescravista aumentou; mas, naquele momento, a pressão estava ligada aos fatores que ocorriam dentro do próprio território do Brasil. Assim, o que era possível de ser observado foi o aumento do movimento abolicionista e a efervescência das ações dos próprios escravos, que se configuraram por meio de fugas, recusa ao trabalho e/ou pela compra de sua carta de alforria.
Ademais, tem-se como proposta incorporar pesquisas que apontem para a agência do escravo em construir sua própria história. Nesta concepção, as problemáticas que apontem para as dinâmicas do comércio de escravos, as diferentes formas de resistência praticadas pelos escravos, a inserção particular das escravas, libertas ou em vias de emancipação nos quadros da escravidão, as doenças que ceifavam as vidas dos escravos, as práticas de cura realizadas por eles, a importância de mulheres africanas e afrodescendentes nas dinâmicas econômicas e sociais dentro do contexto da escravidão, os estudos sobre a escravidão nas cidades e no campo, foram convidadas a fazerem parte deste dossiê.
Assim, objetiva-se reunir estudos que tratem dos mais variados temas que abordem a escravidão nos setecentos e nos oitocentos. Com isso, esperamos fomentar discussões acerca das particularidades da experiência e dinâmicas dos escravos dentro do Brasil escravista, de modo a possibilitar discussões dos trânsitos dos escravos, da História Social, da resistência escrava, de suas sociabilidades e do poder político.
O dossiê foi proposto pelos pesquisadores:
Prof. Dr. Rodrigo Caetano Silva (CCMBR)
Prof. Dr. Pedro Vilarinho Castelo Branco (UFPI)
Prof. Me. Diego Pereira Santos (UEPA)