“Não era terra de gente uma terra onde não se comia farinha, não se dormia em rêde e não se falava brasileiro”

retirantes do Rio Grande do Norte na Hospedaria da Imigração (SP) e Ilha das Flores (RJ) na seca de 1904.

Autores

  • Francisco Ramon Universidade Estadual do Ceará

Palavras-chave:

Retirantes; Hospedarias; Territórios da Espera.

Resumo

Esse artigo analisa a migração de retirantes do Rio Grande do Norte para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, no ano da grande seca de 1904, mas, especificamente, sua experiência coletiva nas hospedarias de imigração e lugares de espera. Entendemos o fenômeno da migração como um processo de deslocamento em que os fatores tempo e espaço são contíguos, variando de acordo com as ações, escolhas e condicionamentos que o emigrado está vivenciando. Portanto, lugares de passagem, fixação e espera são elementos importantes para analisar a experiência e narrativa da própria migração dos sujeitos históricos. Utilizamos, como fontes, as listas de matrícula dos imigrantes, a imprensa e fontes administrativas e oficiais.

 

 

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Publicado

2023-02-27

Como Citar

Ramon, F. (2023). “Não era terra de gente uma terra onde não se comia farinha, não se dormia em rêde e não se falava brasileiro” : retirantes do Rio Grande do Norte na Hospedaria da Imigração (SP) e Ilha das Flores (RJ) na seca de 1904 . Sertão História - Revista Eletrônica Do Núcleo De Estudos Em História Social E Ambiente, 2(3), 9–30. Recuperado de http://revistas.urca.br/index.php/SertH/article/view/651