A POESIA DE SOPHIA DE MELLO BREYNER NA DITATURA SALAZARISTA
UMA LEITURA A PARTIR DA ECOCRÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.47295.1688Palavras-chave:
Ditadura de Salazar, Ecologia, Literatura, PoeisaResumo
O objetivo deste artigo é analisar a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen sob uma perspectiva ecocrítica, propondo uma leitura de sua obra no contexto da ditadura salazarista em Portugal. Na obra de Andresen, a ecocrítica não apenas destaca a relação entre o ser humano e o ambiente, mas serve como crítica ao regime autoritário de Salazar. Ela evidencia como as questões ecológicas estão conectadas às liberdades individuais e coletivas, um tema que é destacado na visão de poesia da própria autora. Para Andresen, a poesia vai além de programas estéticos: ela atua na conscientização sobre a liberdade e a dignidade humana. A análise teórica do artigo é construída sobre bases transdisciplinares, incorporando teorias de Félix Guattari (2012) sobre a interdependência das ecologias social, psíquica e ambiental, bem como as ideias de Leonardo Boff (2015). Boff argumenta que a conscientização ecológica pode ser um instrumento de resistência contra opressões sistêmicas, como as enfrentadas durante o Salazarismo. O estudo foca em textos selecionados da coletânea Coral e outros poemas (2015), explorando como eles refletem essas interseções entre ecologia, liberdade e resistência.
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