O EXPERIENCIALISMO COGNITIVO E A REALIDADE CORPORIFICADA
A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO, O DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO E O ACESSO À RAZÃO POR HELLEN KELLER E KASPAR HAUSER
DOI:
https://doi.org/10.47295/mren.v13i2.1631Palabras clave:
Experiências sensório-motrizes. Realismo corporificado. Desenvolvimento linguístico.Resumen
O presente artigo discute a influência das experiências sensório-motrizes, via configurações biológica e fisiológica, e o papel dos processos interacionais com o ambiente e com as pessoas – realismo corporificado – no processo de construção de sentidos, desenvolvimento da linguagem verbal humana e acesso à razão. Partindo da hipótese que o desenvolvimento da linguagem é processado pela e na mente humana (Rodrigues-Leite, 2010; Ferrari; 2011; Evans, 2019), recebendo influência do meio social a partir de nossas experiências corpóreas, propusemo-nos a analisar a trajetória de Hellen Keller e Kaspar Hauser mediante os processos de construção de sentido, desenvolvimento linguístico e conceitual e acesso à razão. Para tanto, a análise realizada através deste estudo considerou como dados observáveis passagens dos filmes “O Milagre de Anne Sullivan” (1962) e o “O Enigma de Kaspar Hauser” (1974), bem como excertos das suas respectivas autobiografias “Story of my Life” (1903) e “Écrits de et Sur Kaspar Hauser”(2003). Baseados nos pressupostos teóricos de Lakoff & Johnson (1980, 1999), percebemos que, apesar de um indivíduo ser privado, fisiologicamente, de alguns sentidos, em sua configuração biológica, é possível construir sentidos, desenvolver linguagem e criar versões públicas da realidade se existirem condições adequadas de interação com o ambiente e com as pessoas (sociedade). No entanto, ainda que um indivíduo disponha de uma formação fisiológica assumidamente perfeita, se ele for privado de rotinas de interação e do funcionamento cotidiano do seu corpo, a ausência de experiências sensório-motoras pode comprometer consideravelmente o acesso à razão, a construção de sentidos e o desenvolvimento da linguagem (Chiavegatto, 2009; Ferrari, 2003). Propomos, assim, a partir do presente estudo, que a interação entre nossas experiências sensório-motrizes e momentos de interação com o ambiente e com as pessoas sejam determinantes na nossa configuração enquanto seres cognitivos e linguísticos.
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