Das vítimas e dos algozes: a polifonia em K.: relato de uma busca, de B. Kucinski
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v13i2.1487Palavras-chave:
Polifonia, Vítimas e algozes, Ditadura civil-militar brasileira (1964-1985)Resumo
O romance K.: relato de uma busca, do jornalista e escritor B. Kucinski, publicado pela primeira vez em 2011, narra a infindável procura de um pai, o personagem K., por sua filha que “foi desaparecida” durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Temática tão árdua não poderia ser narrada por apenas uma voz do discurso nem apresentada em um único gênero textual, mas, sim, por meio de uma manifestação com diferentes vozes, como exemplificam os enunciadores dos capítulos “Paixão, Compaixão”, “Os desamparados” e “A cadela”: o primeiro é narrado por uma advogada que lida com a rejeição da família por ter se envolvido com um algoz para salvar o irmão; o segundo, por um pai que narra acerca da perda do filho, também um desaparecido político; e, por fim, o terceiro é narrado por um algoz do regime militar que, após o sequestro de A. e de seu marido, fica encarregado de cuidar de Baleia, a cadela do casal. Diante do exposto, objetiva-se analisar a obra de Kucinski (2016), mais especificamente os capítulos mencionados, ancorados no conceito de “polifonia”, de Bakhtin (2010), a fim de compreender a forma pela qual as diferentes vozes permeiam a narrativa, ora relacionadas às vítimas, ora relacionadas aos algozes.
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