O crime de feminicídio pelas lentes da Análise de Discurso Materialista: análise discursiva de charges

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47295/mgren.v13i2.1482

Palavras-chave:

Discurso, Feminicídio, Gestos de interpretação, Charges, Patriarcalismo

Resumo

Este trabalho tem como objetivo principal identificar os efeitos de sentido em circulação acerca do crime de feminicídio. Para isso, ter-se-á como suporte o gênero textual charge, muito presente em jornais e revistas, e também no âmbito digital. Esta análise será realizada a partir da perspectiva da Análise de Discurso Materialista (AD). Trata-se, sobretudo, de observar, por meio do corpus estabelecido, o olhar que a sociedade lança sobre o feminicídio, considerando que as charges possuem um caráter crítico e reflexivo acerca dos comportamentos socialmente massivos, e no mínimo deturpados. Mediante as análises, observou-se o funcionamento de discursos heterogêneos, dentre esses, o discurso emancipatório, que anseia uma mudança efetiva de arquétipos pré-estabelecidos por discursos patriarcais, machistas e religiosos, mas que acaba por se filiar a esses mesmos discursos.

Biografia do Autor

Jhucyane Pires Rodrigues, Instituto Federal de Pernambuco

Licenciada em Letras - Língua Portuguesa e sua Literaturas pela Universidade de Pernambuco - UPE. Atualmente cursa duas pós-graduações lato sensu, uma em Linguagem em Práticas Sociais pelo Instituto Federal de Pernambuco - IFPE, e a outra em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Língua Inglesa pela Faculdade Venda Nova do Imigrante - FAVENI. É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso Pecheutiana (GEPAD/UPE), e possui interesse nos Estudos Discursivos de matriz Materialista, principalmente acerca das questões de gênero, étnico-raciais e tecnodiscursivas.

Referências

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado - Nota sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

ARCOVERDE, Léo. Brasil registra 722 feminicídios no 1º semestre de 2023, maior número registrado desde 2019 em série histórica. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/11/13/brasil-registra-722-feminicidios-no-1o-semestre-de-2023-maior-numero-registrado-desde-2019-em-serie-historica.ghtml. Acesso em: 18 jan. 2024.

BRANDÃO, Helena Nagamine. Introdução à análise do discurso. 2. ed. Campinas: Editora Unicamp, 2004.

BRASIL. Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm. Acesso em: 12 jan. 2024.

BÍBLIA. Nova Bíblia Pastoral. São Paulo: Paulus. 2014.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2013.

COURTINE, Jean-Jacques. Introdução – Impossível virilidade. In: CORBIN, A.; COURTINE, J.; VIGARELLO, G. História da virilidade 3 – A virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Trad. Noéli Correia de Mello Sobrinho e Thiago de Abreu e Lima Florêncio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 7-12.

COURTINE, Jean-Jacques. Le tissu de la mémoire: quelques perspectives de travail historique dans les sciences du langage. Langages, Paris, p. 5-12, jun. 1994.

FLÔRES, Onici. A leitura da charge. Canôas: Editora Ulbra, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

LEANDRO-FERREIRA, Maria Cristina (Org.). Glossário de termos do discurso. Porto Alegre: UFRGS. Instituto de Letras, 2001, 30 p.

MENEGHEL, Stela Nazareth; PORTELLA, Ana Paula. Feminicídios: conceitos, tipos e cenários. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, p. 3077-3086, Set 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/SxDFyB4bPnxQGpJBnq93Lhn/?lang=pt. Acesso em: 18 jun. 2022.

OLIVEIRA, Maria Lilia S. de. de. Charge: imagem e palavra numa leitura burlesca do mundo. In: AZEREDO, J. C. de. (Org.). Letras e comunicação: uma parceria no ensino de língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 265-275.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: Princípios & procedimentos. Campinas (SP): Pontes, 2005.

ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 2. ed. Campinas: Pontes, 1987.

ORLANDI, Eni Puccinelli. As Formas do Silêncio: No movimento dos sentidos. Campinas: Editora da UNICAMP, 1997.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e leitura. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2001.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1996.

PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução de Eni Orlandi. 2. ed. Campinas: Pontes Editores, 1997.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso. Uma crítica à afirmação do obvio. Campinas: Editora da UNICAMP, 1988.

PÊCHEUX, Michel et al. Papel da memória. Trad. José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 2010.

RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Codecri, 1995.

RUSSEL, Diana; CAPUTTI, Jill. Femicide: The Politics of Women Killing New York, Twayne Publisher, 1992.

SOUZA, Mariana Jantsch de. O Discurso de ódio na democracia brasileira: uma análise discursiva do processo de rejeição e de destituição da Presidenta Dilma Rousseff. 2017. Tese (Doutorado em Letras) –Universidade Católica de Pelotas. Pelotas, 2017.

VELASCO, Clara et al. Brasil bate recorde de feminicídios em 2022, com uma mulher morta a cada 6 horas. G1. 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2023/03/08/brasil-bate-recorde-de-feminicidios-em-2022-com-uma-mulher-morta-a-cada-6-horas.ghtml. Acesso em: 16 jun. 2023.

Downloads

Publicado

2024-09-03

Edição

Seção

Artigos - Estudos Linguísticos