O gótico e o fantástico no conto "Sem olhos", de Machado de Assis
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v13i1.1303Palavras-chave:
Machado de Assis, Literatura fantástica, Gótico, MedoResumo
Este artigo tem por objetivo analisar a presença do fantástico no conto "Sem olhos" (1876), de Machado de Assis, bem como identificar e contextualizar os elementos do gótico brasileiro presentes na narrativa. A obra, datada do final do século XIX, oferece um terreno fértil para explorar como o fantástico se desdobra na trama e para examinar de que forma os espaços descritos e os comportamentos e costumes das personagens contribuem para a atmosfera gótica. A metodologia adotada pretende elucidar o cenário do gótico no Brasil, a partir de uma abordagem fundamentada nas contribuições teóricas de França (2017), além de uma análise apoiada nos estudos de Todorov (2017) e de Roas (2014) para compreender o elemento fantástico presente no conto. Desse modo, será realizada uma introdução referente à contextualização histórica e literária do gótico, além de um panorama acerca da vida e de algumas obras de Machado de Assis que se configuram em um cenário gótico brasileiro. Em seguida, serão apresentados os elementos que caracterizam o gótico e o fantástico, respectivamente. Por fim, os conceitos teóricos apresentados serão aplicados à análise da obra. Com isso, pode-se argumentar que a relação com o medo e com a violência manifestam ainda mais o gótico nessa narrativa machadiana, e criam um campo fértil para o desenvolvimento do fantástico. As estratégias discursivas empregadas não apenas atenuam o efeito fantástico do conto, mas também amplificam sua atmosfera sobrenatural.
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