Vozes ao vento: a representação da polifonia e da carnavalização no romance El viento que arrasa
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v12i2.798Palabras clave:
Literatura argentina, Selva Almada, Carnavalização, Polifonia, Literatura femininaResumen
A escritora argentina contemporânea Selva Almada vem ganhando espaço na literatura latino-americana pela originalidade de sua escrita. Suas narrativas possuem como característica estarem inseridas em espaços afastados dos grandes centros urbanos e capitais, mostrando as relações estabelecidas nos cotidianos das personagens que vivem nesses locais, sendo muitas vezes marcados por tragédias, violências e solidão. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo analisar o romance de estreia desta autora, intitulado El viento que arrasa, através da ótica das teorias da Polifonia e Carnavalização. Para esta análise, se utilizou como aporte teórico os estudos de Mikhail Bakhtin, considerando que este é o principal teórico dos conceitos a ser discutidos, partindo de seu conceito de Carnavalização, primeiramente delineado em seu livro Problemas da poética de Dostoiévski e posteriormente desenvolvido em A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais, bem como outros autores que se debruçam sobre sua obra como José Luiz Fiorin (2018), e Paulo Bezerra (2008) e sobre a escrita de Almada, como Sarlo (2012), Martínez (2019). Considerando a Carnavalização como um fenômeno no qual se derrubam as barreiras hierárquicas, sociais e ideológicas, promovendo o livre contato entre os homens (BAKHTIN, 1997), é possível perceber, neste romance, a utilização de diversos elementos carnavalescos no desenvolvimento da narrativa, principalmente em duas das personagens do romance: Reverendo Pearson e Gringo Brauer, que possuem vozes que se contrapõem umas às outras, revelando a presença das mésalliances carnavalescas, relacionadas principalmente a aproximação das esferas do sagrado e do profano, além do ritual de coroação- destronamento em praça pública do rei do carnaval, o riso e a profanação. A partir desta reflexão, foi possível perceber a presença de elementos polifônicos e carnavalescos dentro da narrativa que juntos formam o "mundo invertido" proposto pela Carnavalização. Para além disso, verifica-se a importância científica deste trabalho por possibilitar uma melhor compreensão sobre a escrita ficcional de Selva Almada evidenciando a importância da obra desta escritora e da contemporaneidade de suas narrativas.
Citas
ALMADA, Selva. El viento que arrasa. Buenos Aires: Literatura Random House, 2020.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1999.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da Poética de Dostoiévski. Tradução: Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.
BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e estética: a teoria do romance. São Paulo: Unesp, 1998.
BEZERRA, Paulo. Polifonia. In: BRAIT, Beth (Org). Bakhtin: conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2008. p. 191-200
COELHO, Oliverio. Un viento con destino de clásico. La Nación, 29 de abril de 2012, Disponível em: https://www.lanacion.com.ar/sociedad/un-viento-con-destino-de-clasico-nid1469158/. Acesso em: 29 mar. 2021.
FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2011.
JUNIOR, Valdemar Valente. Resenha: ALMADA, Selva. O vento que arrasa. Revista Tabuleiro de Letras, Salvador, v. 10, n. 01, p. 115- 119, 2016. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6372523.pdf. Acesso em: 15 jan. 2022.
LEONE, Lúcia de. Imaginaciones rurales argentinas: el campo como zona de cruce en expresiones artísticas contemporáneas. Cuadernos de Literatura, Buenos Aires, v. 20, n. 40, p. 181-203, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.11144/Javeriana.cl20-40.irac. Acesso em: 29 mar. 2021.
LUDMER, Josefina. Identidades territoriales y fabricación de presente: Literaturas postautónomas. In: LUDMER, Josefina. Aquí América Latina: Una especulación. Buenos Aires: Eterna Cadencia, 2010. p. 149- 156.
MARTÍNEZ, Francisca Sánchez. Lo local frente a lo global en la narrativa latinoamericana del siglo XXI: sobre el fin de la idea del fin de la literatura latinoamericana. 2019. Tese (Doutorado em estudos hispânicos) — Universidad Autónoma de Madrid, Madrid, 2019. Disponível em: https://repositorio.uam.es/handle/10486/689214?show=full. Acesso em: 29 mar. 2021.
MILLARES, Selena. La escritura de mujeres en América Latina: un viaje del silencio a la palabra. Telar: Revista del Instituto de Estudios Latinoamericanos, Argentina, v. 9, n. 1, 2011. p. 101-120. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5447344. Acesso em: 29 mar. 2021.
PINTO, Ana Carolina Teixeira. Autocitação em Juan Carlos Onetti. 2007. 109 f. Dissertação (Mestrado em Literatura) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/90391. Acesso em: 29 mar. 2021.
SARLO, Beatriz. Fin del mundo: Selva Almada, El viento que arrasa. In: SARLO, Beatriz. Ficciones argentinas: 33 ensayos. Buenos Aires: Mardulce, 2012. p. 201-207.
SOERENSEN, Claudiana. A carnavalização e o riso segundo Mikhail Bakhtin. Travessias, Cascavel, v. 5, n. 1, p. 318-331, 2017. Disponível em: http://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/4370. Acesso em: 29 mar. 2021.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Amanda Dezan Barbosa, Ana Carolina Teixeira Pinto
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los derechos de autor pertenecen a los autores del texto.