A loucura da linguagem em Água viva, de Clarice Lispector, à luz da ontologia literária de Foucault
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v12i2.475Palabras clave:
Clarice Lispector, Água Viva, Loucura, Literatura, Indicações ontológicasResumen
Este trabalho investiga de que forma a manifestação literária de Água Viva (2015), de Clarice Lispector, à luz da ontologia literária foucaultiana, patenteia algumas das reflexões do pensador francês acerca da relação entre loucura e literatura e as formas de transgressão da linguagem pela qual a obra literária realiza, no espaço de linguagem em que se insere, herdado do indicativo da morte, um movimento decorrente do confronto com a natureza autoimplicada, dupla e vazia que é comum à linguagem literária e à loucura (FOUCAULT, 1972; 2002; 2009). Nomeadamente, procura-se identificar de que modo a obra em questão se configura enquanto fenômeno de autorrepresentação da linguagem, como essa linguagem se reduplica e quais indicações ontológicas são identificáveis na narrativa. Sem pretensões de uma análise minuciosa da obra, reflete-se sobre o movimento incessante de autoindicação ontológica através do qual se dá a representação no texto clariceano, bem como sobre a presença de características das linguagens a que Foucault definiu como: ‘insensata’; ‘que pronuncia palavras sacralizadas’; e ‘que convenciona palavras interditas’. Por fim, reflete-se sobre o efeito que a loucura da linguagem em Água Viva (2015) exerce sobre a experiência leitora.
Citas
FOUCAULT, M. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Editora Perspectiva, 1972.
FOUCAULT, M. A loucura, a ausência da obra. In: Ditos e escritos I - Problematização do Sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. p. 210–219.
FOUCAULT, M. Linguagem ao infinito. In: Ditos e Escritos III - Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema. [s.l: s.n.]. p. 47–59.
FRANCESCHINI, M. A. Oblíquo e fortuito e ao mesmo tempo sutilmente fatal: o Kháos como instrumento literário em Água viva, de Clarice Lispector. 2009. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
INSTITUTO MOREIRA SALLES. Cadernos de Literatura Brasileira: Clarice Lispector. Vols. 17 e 18. São Paulo: IMS, 2004.
LISPECTOR, C. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2015.
SOUSA, C. M. Clarice Lispector: figuras da escrita. Braga: Universidade do Minho / Centro de Estudos Humanísticos, 2000.
VICTORA, L. G. O discurso histérico e a garrafa de Klein. Correio da APPOA, n. 247, ago. 2015, [s.p]. Disponível em: https://appoa.org.br/correio/edicao/247/o_discurso_histerico_e_a_garrafa_de_klein/183. Acesso em: 01 ago. 2022.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Vinícius Marangon, Rosani Ursula Ketzer Umbach
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los derechos de autor pertenecen a los autores del texto.