Quando a voz do povo não é a voz de deus: uma análise semiótica do conto O lenhador e a raposa
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v12i3.986Palavras-chave:
Narrativa popular oral, Semiótica do Discurso, O lenhador e a raposaResumo
Graças à tradição oral, chegaram até nós grandes histórias que foram posteriormente escritas, a exemplo da Ilíada e da Odisseia, de Homero. Embora se tenham passados milênios de lá para cá, a tradição de contar histórias oralmente ainda se mantém viva. Essas narrativas orais seguem de boca em boca, recebendo ou suprimindo elementos conforme os saberes culturais daquele que conta. Nesse contexto, objetiva-se, neste trabalho, investigar a produção de sentidos na narrativa oral O lenhador e a raposa, com base na semiótica discursiva. O conto, que constitui o corpus de análise, foi coletado por Jackeline Sousa Silva, em 2017, da enunciadora Lethycia Maria da Silva Gualberto, de 5 anos, em Acopiara, no estado do Ceará. A análise ora proposta segue a metodologia da análise semiótica do discurso, por se fundamentar na semiótica discursiva que apresenta um percurso gerativo da significação, composto por três níveis: fundamental, narrativo e discursivo. Centrada no nível discursivo, a análise considera, além deste nível, os elementos dos outros níveis, uma vez que a significação se completa no percurso. Nessa direção, este texto segue as reflexões propostas por Greimas e Courtés (2016) e colaboradores; e a perspectiva de Zunthor (1993) sobre oralidade. Como resultado, verificamos que os sentidos do conto são construídos de modo a reiterar a convenção do dito popular “quem tem fama deita na cama”, ao mesmo tempo em que surpreendentemente desconstroem verdades ditas pelo povo, como “a voz do povo é a voz de Deus”.
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