Mulheres negras na ciência: silêncio, memória, sujeitos e sentidos no filme Estrelas além do tempo (2017)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47295/mgren.v12i3.879

Palavras-chave:

Estrelas além do tempo, Mulheres negras, Silêncio e silenciamento, Racismo, Análise de Discurso Materialista

Resumo

O objetivo deste trabalho é o de analisar, por meio dos pressupostos teóricos da Análise de Discursos Materialista, o funcionamento discursivo do apagamento, do silenciamento e da exclusão da mulher negra, em 1960, na NASA e na história que envolve os esforços empreendidos, inclusive por essas mulheres, para lançar o homem no espaço. Para isso, utilizaremos como corpus, algumas sequências discursivas e duas compilações de imagens do filme “Estrelas além do tempo” (2017), Hidden Figures (no original, em inglês). Por fim, nossa pesquisa busca fôlego no referencial teórico-metodológico da AD, lançando mão de conceitos como os de arquivo, silêncio e silenciamento, memória discursiva, formações discursivas, entre outros. Os resultados de nossa análise apontam que, embora as cientistas negras tenham desempenhado um papel imprescindível na história, houve silenciamento, seguido de um apagamento da presença dessas mulheres neste acontecimento. Contudo, a produção do livro e do filme, que contam a história a partir das mulheres negras, gera a possibilidade do surgimento de discursos outros, inscrevendo novas sequências que evidenciam a contribuição deste grupo no interior da memória discursiva.

Biografia do Autor

Miriã Alexandre de Paula, Centro Federal de Educação Tecnológico de Minas Gerais

Mestre em Estudos da Linguagem no Centro Federal de Educação Tecnológico de Minas Gerais (Campus I), na linha II de pesquisa "Discurso, Mídia e Tecnologia". Graduada em Letras Português/Inglês e suas Literaturas (2019), licenciatura plena pela Universidade Federal de Lavras, ex-aluna especial no Programa de Pós Graduação de Letras e Filosofia (2019) da mesma universidade. Membro do Núcleo de Estudos em Análise do Discurso (NEADi) (UFLA). Foi professora (voluntária) no curso de Português como Língua de Acolhimento (PLAC) para apátridas na mesma instituição a qual cursa a finalização do mestrado.

Camila da Silva Gomes, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutoranda em Linguística pela Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF.  Mestre em Letras pela Universidade Federal de São João Del-Rei - UFSJ, onde desenvolveu uma pesquisa que analisou os efeitos de sentido do discurso lesbofóbico no interior da família. Graduada no curso de Letras Português/Inglês presencial pela Universidade Federal de Lavras (2019). Desenvolve pesquisa junto ao Neadi/UFLA (Núcleo de Estudos em Análise do Discurso- AD) abordando a Análise do Discurso Materialista e tem como interesse as questões de gênero e sexualidade. Foi professora de Português para estrangeiros no Núcleo de Línguas (NUCLi) da UFLA.  Trabalhou como professora substituta de Língua Portuguesa no IFMG - Ouro Preto.

Altair dos Santos Bernardo Júnior, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Mestrando em Estudos Linguísticos, linha de pesquisa Análise do Discurso, pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Graduado em Letras - Língua Inglesa e suas Literaturas, pela Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ. Membro do grupo de pesquisa do CNPQ Letramentos, gêneros e ensino - LEGEN. Participou, na graduação, de diversos projetos de extensão, como o PIBID, trabalhando principalmente com ensino e aprendizagem de Inglês como língua adicional e com a abordagem Content and Language Integrated Learning. Foi monitor da disciplina Fundamentos da Linguística. Atualmente, desenvolve pesquisas com teorias de base Linguística Sistêmico-Funcional. Possui interesse na área de Linguística Aplicada, atuando, sobretudo, nos seguintes temas: Análise do Discurso, ensino e aprendizagem de língua inglesa e Letramentos.

Referências

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Publicado

2023-12-21

Edição

Seção

Artigos - Estudos Linguísticos