Relações de posse no falar de Fortaleza: uma análise variacionista de fatores extralinguísticos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47295/mgren.v12i2.773

Palavras-chave:

Pronomes possessivos, 1ª pessoa do plural, Fatores extralinguísticos, Sociolinguística Variacionista, Falar de Fortaleza

Resumo

Tendo por base os fundamentos da teoria da variação e mudança linguística empiricamente orientada por Weinreich, Labov e Herzog (2006 [1968]), este artigo se propõe a analisar os fatores extralinguísticos que condicionam as relações de posse das formas nosso/a(-s) e da gente nos dados do corpus do Projeto Descrição do Português Oral Culto de Fortaleza – PORCUFORT (Fase II). As variáveis extralinguísticas consideradas são sexo, faixa etária, tipo de inquérito, naturalidade dos pais, escolaridade (IES pública ou particular) e localidade (por região). O banco de dados de nossa pesquisa conta com 70 informantes, extraídos dos tipos de inquéritos DID (Diálogo entre Informante e Documentador) e D2 (Diálogo entre Dois Informantes), estratificados de acordo com o sexo, a faixa etária e o tipo de registro, contando com um total de 509 ocorrências. O programa estatístico GOLDVARB X selecionou, por ordem de relevância, os grupos de fatores faixa etária e regional como favorecedores da variante da gente. Os achados mais notáveis indicam que a forma de posse da gente ainda apresenta contextos de restrição de ocorrência. Disso extraímos que a variante inovadora, na comunidade de fala culta fortalezense, mostra-se ainda estar distante de ser implementada.

Biografia do Autor

Sara Alexandre Ferreira, Universidade Estadual do Ceará

Doutoranda em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mestra em Letras pelo PROFLETRAS (Mestrado Profissional em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, campus Currais Novos (2021). Especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica pela Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ (2015). Graduada em Letras Português/Inglês pela Autarquia Educacional de Belo Jardim-PE – AEB (1998). Atua na área de Linguística com ênfase em Sociolinguística Educacional e Gramática e Ensino.

Francisco de Assis Pereira da Silva, Universidade Estadual do Ceará

Mestrando em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará – UECE. Especialista em Educação do Campo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE, campus Crateús (2021). Graduado em Letras pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFCE, campus Crateús (2018). Atua na área de Letras com ênfase em Linguística e Sociolinguística Variacionista.

Aluiza Alves de Araújo, Universidade Estadual do Ceará

Doutora e mestra em Linguística pela Universidade Federal do Ceará – UFC. É professora no nível Associado O do Curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – PosLA da Universidade Estadual do Ceará – UECE, onde coordena o Laboratório de Pesquisas Sociolinguísticas do Ceará – LAPESCE e lidera o grupo de Estudos e Pesquisas sociolinguísticas de Fortaleza- CE (SOCIOFOR). Tem experiência na área de Sociolinguística e Dialetologia.

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Publicado

2023-11-19

Edição

Seção

Artigos - Estudos Linguísticos