O surrealismo na narrativa de Aníbal Machado: um leitura benjaminiana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47295/mgren.v12i2.530

Palavras-chave:

Aníbal Machado, Surrealismo, Experiência moderna, Walter Benjamin

Resumo

O artigo procura estabelecer um diálogo entre os contos “Viagem aos seios de Duília” e “O desfile dos chapéus”, de Aníbal Machado, e a teoria da narração de Walter Benjamin. Conforme argumenta Gagnebin, os ensaios de Benjamin sobre literatura refletem sobre a necessidade de novas formas de narratividade como tentativa de reconstrução da experiência (erfahrung), degradada na modernidade. A exploração da memória, da fantasia, do acaso e da ilusão por entre o sonho e a vigília, aspectos caros à estética surrealista e presentes nas narrativas do escritor brasileiro, assinalam as aspirações ressaltadas por Benjamin para a literatura. A manifestação onírica perante o ordinário e a exposição de uma imagem refratária do tempo e do espaço são trabalhadas nas narrativas estudadas por meio das reminiscências do passado de seus protagonistas. Dessa forma, as inquietações apresentadas nos contos analisados ressaltam, por meio do insólito e do estranhamento, a experiência moderna nessas narrativas.

Biografia do Autor

Ariane Ferreira Lima Gonçalves, Universidade Estadual de Londrina

Formada no curso de Letras Português pela Universidade Estadual de Londrina e colaboradora do Projeto de Pesquisa “A experiência moderna na Literatura”, coordenado por Cláudia Rio Doce, no âmbito do qual desenvolveu sua Iniciação Científica como bolsista do CNPq.

Cláudia Rio Doce, Universidade Estadual de Londrina

Professora de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na Universidade Estadual de Londrina. Seus estudos giram em torno do modernismo e outras vanguardas, bem como de seus desdobramentos.

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Publicado

2023-11-19

Edição

Seção

Artigos - Estudos Literários