SOB A ÓTICA DA NORMA CULTA:

UM ESTUDO DE ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS NA ESCRITA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Resumo

Coseriu (1979), esquematizando a heterogeneidade estrutural linguística, define norma a partir da normalidade nas diversas comunidades de fala, em que o falante se situa por suas formas linguísticas e pelo amontoado de valores socioculturais que favorecem uma formação identitária. O Projeto da Norma Urbana Culta (NURC) aponta, após a formação da linguagem urbana comum, a norma culta como a variedade linguística de falantes urbanos com escolaridade superior completa, em situações de maior monitoramento, e participantes de grupos economicamente e socialmente privilegiados. Assumindo que o grau superior de escolarização influencia no domínio de competências da norma culta, a pesquisa analisa, a partir de produções escritas de discentes de diferentes semestres do curso de Letras da UESB, campus de Jequié, a trajetória de construção de uma norma culta com base em um olhar variacionista da língua, considerando-a, conforme a sociolinguística, um sistema heterogêneo e sistematizável. (FARACO, 2008; MOLLICA, 2010; SCHERRE; NARO 1997). Consentida pelos estudantes, realizou-se uma coleta de dados socioculturais, objetivando a contextualização da realidade estudantil. Ao analisar os dados, levantaram-se todos os desvios de norma culta encontrados em níveis ortográficos, estruturais, morfológicos e sintáticos. Das categorias analisadas, os níveis morfossintáticos apresentaram maior destaque, com desvios de concordância verbal e nominal, regência nominal e verbal e colocação pronominal. Portanto, notou-se, em divergência à hipótese levantada, que as tendências ao desvio de norma culta oscilam dos primeiros semestres ao término da graduação, revelando como há a manutenção dessas ocorrências influenciadas pelo contato mais próximo com a linguagem urbana comum.