A ORDEM DISCURSIVA NA CIDADE DOS LOUCOS E DAS ROSAS
DOI:
https://doi.org/10.47295/mren.v12i1.727Palavras-chave:
Análise do Discurso Materialista. Ordem do Discurso. Cidade das Rosas. Cidade dos Loucos.Resumo
O presente artigo tem como objetivo analisar como os sentidos e a memória dos enunciados “Cidade das Rosas” e “Cidade dos Loucos” se movimentam, se confrontam e se integram à ordem discursiva de Barbacena. O município, que serviu de palco para a criação do Hospital Colônia, onde milhares de pessoas foram internadas como “loucas”, também se tornou famoso pelo cultivo de flores e rosas. Como resultado, a cidade foi apelidada com os dois adjetivos. Para alcançar o objetivo desta pesquisa, foi selecionado como corpus cinco fotografias atuais da cidade, divididas a partir da identificação das sequências discursivas as quais elas pertencem. A análise está embasada teórico-metodologicamente na Análise do Discurso Materialista, principalmente nas contribuições de Orlandi (1999, 2003, 2007ª, 2007b, 2014), no que diz respeito à análise de como as cidades produzem sentidos e Lagazzi (2015), na compreensão de que as imagens são materialidades significantes. O trabalho permite a identificação de que há silenciamento dos sentidos de ‘Cidade dos loucos”, cuja circulação acontece, de forma mais expressiva, nas margens do município. Por outro lado, no centro, busca-se, de modo sistemático, ressaltar a sequência “Cidade das Rosas”. No entanto, embora haja silêncio, os dois sentidos coexistem, se movimentando e integrando a ordem do discurso da cidade.
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