“EU NÃO APRENDI COM NINGUÉM, EU APRENDI FOI SONHANDO”
NARRATIVAS DE MEMÓRIAS DE APRENDIZADO DE REZADEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.47295/mren.v13i4.1844Palavras-chave:
Formas poéticas orais, Rezadeiras, Narrativa de memória de aprendizadoResumo
Este artigo é proveniente de um recorte da minha dissertação de mestrado[1] . Nele, exploramos as narrativas sobre a transmissibilidade do conhecimento da reza, focando no aprendizado onírico e da vigília. Defendemos que, diferentemente do que afirma Quintana (1999), que divide as rezadeiras entre as que aprendem por experiência sobrenatural e as que seguem um mestre e dada a pluralidade das narrativas de aprendizado que encontramos, não há uma separação clara entre os modos de aprendizado. Primeiramente, identificamos que o aprendizado via sonhos, embora inicialmente pareça apenas sobrenatural, envolve uma relação dialógica e enunciativa entre sujeito e ambiente e estados de vigília e de sono. Em segundo lugar, outros testemunhos revelam formas de aprendizado comunitário ou espiritual, onde o conhecimento é transmitido oralmente por mestres ou acessado quando necessário. Essas variações, portanto, desafiam a noção tradicional de aprendizado.
Referências
BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Para uma filosofia do ato responsável. Pedro & João Editores, 2010.
BAKHTIN, Mikhail. Metodologia das ciências humanas. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 393-410.
BAKHTIN, Mikhail. O problema do conteúdo, do material e da forma na criação literária. In. Questões de literatura e de estética, p. 13-70, 2010.
BAKHTIN, Mikhail. Os Gêneros do Discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 261-306.
DO NASCIMENTO. Danielle Gomes. A Tradição Discursiva da Reza de Curado olhado. REVISTA PROLÍNGUA, 2010. Vol. 5, p.43-58.
DOS SANTOS, Mauricio; HOSHINO, Thiago de Azevedo Pinheiro. Sotaques e sintaxes: acentuando o falar caboclo nas religiões afro-brasileiras. Afro-Ásia, n. 62, p. 391-415, 2020.
DOSSE, François. História do tempo presente e historiografia [1]. Revista Tempo e Argumento, v. 4, n. 1, p. 5-23, 2012.
FREUD, Sigmund; SALOMÃO, Jayme. A interpretação dos sonhos V - I e II. Rio de Janeiro: Imago, 2001.
GONDAR, Jô. Ferenczi e o sonho. Cadernos de psicanálise (Rio de Janeiro), v. 35, n. 29, p. 27-39, 2013.
LIMULJA, Hanna. O desejo dos outros: uma etnografia dos sonhos yanomami. Ubu Editora, 2022.
MENESES, Adélia Toledo Bezerra de. As portas do sonho. Ateliê Editorial, 2002.
OLIVEIRA, Elda Rizzo de. O que é benzeção. São Paulo: Brasiliense, 1985.
POLLAK, Michel. Memória e identidade social. In: Estudos Históricos; Rio de Janeiro, vol. 5, 1992.
QUINTANA, Alberto M. A Ciência da benzedura: mau olhado, simpatias e uma pitada de Psicanálise. São Paulo: EDUSC, 1999.
SANTOS, Francimário Vito dos. O Ofício das Rezadeiras: um estudo antropológico sobre as práticas terapêuticas e a comunhão de crenças em Cruzeta/RN. 2007. 196 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.
SANTOS, Hyago Átilla Sousa dos. O drama da princesa transviada: jornal a ação, pânico moral e cartografias da identidade ameaçada em Crato (CE), 1965-1972. 2021. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.
XIDIEH, Oswaldo Elias. Narrativas populares: estórias de nosso Senhor Jesus Cristo e mais São Pedro andando pelo mundo. São Paulo: EDUSP; Belo Horizonte: Itatiaia, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 José Soares Filho, Edson Soares Martins
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).