Miguilim - Revista Eletrônica do Netlli
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<p><strong><span lang="EN-US">Miguilim – Revista Eletrônica do Netlli</span></strong><span lang="EN-US"> (ISSN 2317-0433) foi criada em 2012 pelo Núcleo de Estudos de Teoria Linguística e Literária (Netlli/DGP-CNPq). Sua missão é contribuir com a difusão de resultados de pesquisas</span><span lang="EN-US"> </span>que envolvam a participação de pesquisadores juniores (alunos de graduação e recém-graduados, principalmente)<span lang="EN-US">, além de contribuir para o debate teórico nas suas áreas de interesse. O foco temático da revista, portanto, é de espectro amplo, mas sua unidade reside no realce da discussão ou elaboração de construtos teóricos, abordados em perspectiva analítica ou aplicada, nos campos da teoria da literatura e das teorias linguísticas.</span></p> <p>A<span lang="EN-US"> revista </span>aceita para avaliação preferencialmente submissões que tenham pelo menos um graduando(a) ou apenas graduado(a) como autor(es)/autora(s) de trabalhos<span lang="EN-US"> relevantes para o seu escopo: Estudos Literários, de Teoria da Literatura e de Teorias Linguísticas. As contribuições devem se adequar ao foco da revista, serem inéditas e escritas em português, espanhol, inglês ou francês, além de obedecerem às diretrizes estabelecidas na política editorial e nas normas para submissão de manuscritos.</span></p> <p><strong>QUALIS/CAPES - quadriênio 2017-2020</strong>: <strong>A4 - NAS </strong><strong>ÁREAS: </strong><strong>LINGUÍSTICA E LITERATURA, ARTES, EDUCAÇÃO, ENSINO, SOCIOLOGIA e INTERDISCIPLINAR.</strong></p>Editora da URCApt-BRMiguilim - Revista Eletrônica do Netlli2317-0433<p>Os direitos autorais pertencem aos autores do texto.</p>Do cinema ao audiolivro: compartilhando recursos de mídia
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<p>Este ensaio faz parte de um projeto de pesquisa que busca analisar, com base na Intermidialidade, as fronteiras entre produtos de mídia sonoros, como audiolivros e podcasts de ficção. Uma das conclusões deste projeto mais amplo está na maneira como esses produtos utilizam recursos cinematográficos para criar o que podemos entender como imersão na diegese narrativa. Neste ensaio, demonstramos como o cinema, como um tipo de mídia multimodal, torna-se fundamental na construção de elementos para audiolivros de ficção, como músicas e efeitos sonoros, assim como a performance sonora, uma característica que, juntamente com o ritmo, é a mais antiga na história literária. Utilizando o modelo de Lars Elleström em <em>As Modalidades da Mídia II</em> (2020) e analisando diferentes audiolivros, estabelecemos algumas categorias. Para as músicas: icônicas, com base na semelhança com elementos não musicais (Mickey Mousing); simbólicas, nas convenções de ritmo e outros elementos musicais; e indexicais, que se referem à manifestação de tempo, localização geográfica ou grupo social específico. Os efeitos sonoros são distinguíveis em sons ilustrativos (para ilustrar ações), sons indicativos (para criar atmosfera) e sons descritivos (por convenção). A metodologia é comparativa, buscando semelhanças e diferenças entre esses produtos de mídia sonoros. Nossa intenção é expandir o modelo de Elleström para que ele possa sustentar a compreensão desses tipos de mídia qualificados, novos e não tão novos. Além das teorias de Elleström, também incorporamos aquelas de Agnes Petho, Jorgen Bruhn e André Bazin.</p>Jaimeson Machado GarciaAna Cláudia Munari Domingos
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2024-09-032024-09-0313250352110.47295/mgren.v13i2.1501Análise de um objeto editorial como possibilidade de resistência aos discursos de ódio e de enfrentamento à desinformação
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1311
<p>Este artigo tem por objetivo analisar a publicação do livro <em>KIT GAY: Atividades lúdicas <span style="text-decoration: line-through;">para toda a família!</span></em>, de Kael Vitorelo, em relação às desinformações contra o projeto Escola Sem Homofobia (ESH), iniciadas, em 2004, pela Frente Parlamentar Evangélica (FPE) e retomadas, em 2018, pelo então candidato à presidência Jair Messias Bolsonaro. Diante do recente cenário brasileiro, que se apresenta saturado de conflitos entre movimentos sociais progressistas e conservadores, especialmente quanto às pautas identitárias referentes ao gênero e à sexualidade, buscamos verificar se a publicação constitui uma forma de resistência aos discursos de ódio contra as pessoas LGBT+. A hipótese é a de que o livro é uma tentativa de reversão de estigma. Para tanto, mobilizamos o arcabouço teórico da Análise do Discurso francesa (AD), sobretudo as contribuições de Maingueneau (2008) e de Krieg-Planque (2010, 2018). Tratamos o discurso presente no objeto editorial em questão, considerando que ele é composto também por outros dizeres e faz referências a já-ditos e ao outro (aquele discurso com o qual entra em disputa). Construímos, portanto um espaço discursivo que associa o discurso de Bolsonaro e seus apoiadores da FPE e o discurso presente na obra. Verificamos que a resistência aos discursos de ódio se dá por meio do apelo ao humor e à ironia, e que a aparência de almanaque dada ao livro é uma evidência de como o discurso de resistência traduz o outro com as lentes da irreverência para prová-lo como absurdo. Encontramos, portanto, uma polêmica que sobrevive no meio digital há mais de 18 anos, e passou a figurar no meio impresso e isso é significativo para começarmos a pensar a materialidade na qual os discursos de resistência de materializam na contemporaneidade.</p>Mayara Victor GomesMarcio Antonio Gatti
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2024-09-032024-09-0313231033110.47295/mgren.v13i2.1311A variação linguística nas provas do Enem (2009-2022): aspectos quantitativos e temáticos
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1324
<p>A variação e a mudança linguísticas são inerentes a todas as línguas, e seu entendimento é necessário aos falantes para que se adequem às situações comunicativas com as quais podem se deparar no dia a dia. Às escolas, então, cabe a reflexão sobre esses assuntos para tornar os discentes proficientes em sua língua materna. Por sua vez, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma prova nacional que visa a avaliar o ensino básico do país e possibilitar o ingresso de alunos recém-egressos do Ensino Médio às Instituições de Ensino Superior. O presente trabalho tem como objetivo analisar as questões sobre variação e mudança linguística nas provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem de 2009 a 2022 à luz da Sociolinguística. Nossa hipótese é de que, nesses 14 anos que serão analisados, o número de questões voltadas à variação e à mudança linguísticas em cada prova aumentou, bem como sua abordagem foi mais diversificada, extrapolando os clichês de alguns livros didáticos. Metodologicamente, a pesquisa se mostra qualitativa e quantitativa, tendo em vista que, para recolher o <em>corpus</em> a ser analisado, foi feita uma categorização das questões e sua posterior quantificação. Nossos resultados indicaram que houve uma diminuição da quantidade e da diversidade das questões, o que demonstra que nossa hipótese foi refutada.</p>Thais EstolanoDennis Castanheira
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2024-09-032024-09-0313233235710.47295/mgren.v13i2.1324Aspectos neológicos e ideológicos na tradução do léxico em web notícias
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1329
<p>Tomando a produção e a tradução jornalísticas como fundamentais para a difusão do léxico em uma comunidade linguística, este estudo tem como objetivo analisar as estratégias utilizadas para a tradução de unidades lexicais em artigos jornalísticos opinativos (fontes estáveis de tradução) contrastando-as com as estratégias empregadas na tradução de artigos informativos (fontes instáveis de tradução), segundo Hernández Guerrero (2011). Para tanto, o estudo buscou investigar as “marcas de tradução” na versão de textos do português para o espanhol dos jornais El País e Folha de S. Paulo, além de discutir aspectos neológicos e ideológicos implicados na tradução de tais textos. Nos pautamos nos trabalhos de Lara (2006), Borba (2006), Hernández Guerrero (2011), Bielsa (2016) e Simão e Stupiello (2017), a fim de discutir as questões lexicais envolvidas na esfera da tradução jornalística. Para tratar do processo neológico, utilizamos Correia e Almeida (2012), bem como Mittmann (1999) e Venuti (2002) para questões discursivas abordadas no âmbito da tradução. Na análise, partimos da hipótese de que diferentes tipologias textuais possam condicionar o emprego de diferentes estratégias de tradução, conforme visto na literatura da área. A partir de uma metodologia contrastiva de análise da tradução do léxico nos dois gêneros abordados (textos informativos e opinativos), os resultados puderam apontar para a possilibilidade de que as percepções ideológicas do autor e do tradutor em torno das culturas para as quais redigem sejam diferentes. Também pudemos observar algo pouco frequente na esfera da tradução, sobretudo da jornalística: a visibilidade do tradutor manifestada pelas marcas de tradução.</p>Gabriela Farias de FigueiredoAngélica Karim Garcia Simão
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2024-09-032024-09-0313235837610.47295/mgren.v13i2.1329As concepções de língua presentes em um material didático de língua portuguesa: uma análise a partir dos conceitos foucaultianos de enunciado e de função enunciativa
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1447
<p>Neste trabalho, utilizamos as reflexões teórico-metodológicas de Foucault (2008) para descrever e para analisar as diferentes concepções sobre língua presentes no livro didático de Língua Portuguesa <em>Estudos da Linguagem</em> (FTD, 2021), voltado para o ensino médio. Esse processo permitiu-nos examinar, em diálogo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a aparição, a conexão, a incorporação e a manifestação de três abordagens distintas de língua como objeto científico: uma influenciada por Saussure, outra por Jakobson e uma terceira por Chomsky. Também chegamos à conclusão de que a BNCC não contempla todos os conceitos científicos sobre língua e de que há uma presença subentendida da teoria de Saussure em uma das competências do documento.</p>César Morais Rosa
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2024-09-032024-09-0313237739210.47295/mgren.v13i2.1447A propagação de discursos hostis contra asiáticos amarelos na pandemia de covid-19: uma análise de discursos xenofóbicos em jornais on-line
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1458
<p>Durante a crise sanitária mundial causada pela Covid-19, entre 2020 e 2022, circularam na mídia diferentes discursos sobre os chineses, acusados de criar e espalhar o vírus pelo mundo. A hostilidade contra os chineses se tornou mais aparente nesse período e outros sujeitos, asiáticos de diferentes nacionalidades (lidos socialmente como chineses) também sofreram com essa rejeição. O objetivo da pesquisa foi analisar discursos xenofóbicos contra ‘asiáticos amarelos’ no período da pandemia de Covid-19. A pesquisa é de caráter qualitativo, descritivo-interpretativista (Paiva, 2019), sob o aporte teórico-metodológico da análise do discurso francesa a partir da perspectiva dos estudos discursivos foucaultianos (Foucault, 2001, 2008, 2011) em diálogo interdisciplinar com outros referenciais das ciências humanas (Derrida, 2003; Albuquerque Jr. 2016; Bauman, 2017; Di Cesare, 2020). Após as análises, entendemos que os discursos xenofóbicos contra chineses foram propagados em diferentes espaços de circulação, desde os governamentais aos midiáticos incluindo a sociedade civil. Concluímos ainda que grupos de brasileiros, de ascendência leste-asiática, também são interpelados por discursos hostis por serem lidos socialmente como chineses. O estudo aponta para a necessidade de aprofundamentos do tema em relação à retórica da hostilidade brasileira em perspectiva histórica de média e longa durações.</p>Esther Yuri MatsuoJoão Paulo Santos BatistaJocenilson Ribeiro
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2024-09-032024-09-0313239341410.47295/mgren.v13i2.1458Ensino de Português para surdos na formação docente: uma discussão em favor de uma educação linguística ampliada
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1478
<p>Este trabalho objetiva apresentar uma discussão sobre os resultados de uma pesquisa de iniciação científica voltada a fazer um levantamento da oferta de disciplinas sobre Português para surdos, em cursos de Letras-Português e de Pedagogia, de universidades federais brasileiras, para verificar o desenho dessas disciplinas e suas implicações para uma formação docente direcionada ao desenvolvimento de uma educação linguística ampliada (Cavalcanti, 2013). Assumindo configurações de uma pesquisa qualitativa, de caráter interpretativista (Moita Lopes, 1994) e exploratório, abrangendo estudo documental e bibliográfico (Gil, 2008), o trabalho contemplou: 1) coleta de ementas de disciplinas que contemplam o ensino de Português para surdos, considerando os cursos supracitados; 2) estudo interpretativista do material coletado à luz do arcabouço teórico da pesquisa. A partir da análise do <em>corpus</em>, constatamos que as políticas linguísticas voltadas à formação de docentes para atuar no ensino de Português para surdos ainda apresenta um cenário insatisfatório, pois, conforme mostraram os dados, cerca de 80% das universidades públicas federais não cumpre o determinado pelo Decreto nº 5626 (Brasil, 2005) quanto à oferta dessa formação. Além disso, em termos de propostas sensíveis às especificidades linguísticas e culturais dos surdos, percebemos a emergência de olhar criticamente para os desenhos das disciplinas e pensar em possíveis reformulações, ancorando, por exemplo, o ensino-aprendizagem do Português nos estudos da translinguagem e da decolonialidade, a fim de que estas possam colaborar com uma formação docente que focalize uma educação linguística ampliada, de modo a garantir, para as pessoas surdas, uma educação socialmente mais justa e romper com as colonialidades do ser, do saber, do poder e da linguagem.</p>Liliane Lima PazGilmara dos Reis Ribeiro
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2024-09-032024-09-0313241544110.47295/mgren.v13i2.1478O crime de feminicídio pelas lentes da Análise de Discurso Materialista: análise discursiva de charges
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1482
<p>Este trabalho tem como objetivo principal identificar os efeitos de sentido em circulação acerca do crime de feminicídio. Para isso, ter-se-á como suporte o gênero textual charge, muito presente em jornais e revistas, e também no âmbito digital. Esta análise será realizada a partir da perspectiva da Análise de Discurso Materialista (AD). Trata-se, sobretudo, de observar, por meio do <em>corpus</em> estabelecido, o olhar que a sociedade lança sobre o feminicídio, considerando que as charges possuem um caráter crítico e reflexivo acerca dos comportamentos socialmente massivos, e no mínimo deturpados. Mediante as análises, observou-se o funcionamento de discursos heterogêneos, dentre esses, o discurso emancipatório, que anseia uma mudança efetiva de arquétipos pré-estabelecidos por discursos patriarcais, machistas e religiosos, mas que acaba por se filiar a esses mesmos discursos.</p>Jhucyane Pires Rodrigues
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2024-09-032024-09-0313244245910.47295/mgren.v13i2.1482Representação discursiva identitária sobre o favelado na música de funk “Sou favela”, de MC Bruninho e Vitinho Ferrari
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1508
<p>O presente trabalho propõe analisar a representação discursiva identitária sobre o favelado na letra de funk “Sou Favela”, de MC Bruninho e de Vitinho Ferrari. Para realizar tal propósito, embasamo-nos na teoria/método da Análise de Discurso Crítica (ADC) na abordagem dialético-relacional, mais especificamente no modelo tridimensional (Fairclough, 2001). Também partimos dos estudos sobre representação discursiva (Ferreira, 2010) e sobre identidade (Woodward, 2014). Com base no modelo tridimensional, usamos as categorias de análise prática discursiva, texto e prática social: na prática discursiva, analisamos os processos de produção, distribuição e consumo; na prática textual, analisamos os itens lexicais presentes na canção que apontam para a representação identitária do <em>favela</em>; e na prática social, analisamos as bases ideológicas e hegemônicas da representação identitária do sujeito <em>favela</em> na música de funk. No nível da prática discursiva, percebemos que todos os indivíduos envolvidos no processo de produção da música vêm de comunidades periféricas, desde os produtores (DJ DG e Batidão Estronda), os intérpretes da música (MC Bruninho e Vitinho Ferrari), até o canal da plataforma de streaming que foi divulgado (GR6 EXPLODE) e que tece uma rede de práticas e sentidos sobre a representação do ser favelado para o público consumidor. Na prática textual, léxicos e suas relações semânticas evidenciaram que o favelado é representado como um sujeito racializado, marginalizado e economicamente pobre. Por fim, sobre a prática social, constatamos valores ideológicos de aporofobia e racismo, assim como constatamos a hegemonia capitalista e a supremacia branca na sustentação da representação analisada.</p>Manoel Ivany dos Santos Vieira JuniorRuth Lima MartinsSara Valentim Gurgel
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2024-09-032024-09-0313246047710.47295/mgren.v13i2.1508Léxico do ódio e a produção de memes: um estudo à luz da Linguística Cognitiva
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1511
<p>Este estudo objetiva discutir a função dos itens lexicais pejorativos referentes aos partidos e/ou políticos de esquerda na criação de <em>memes</em> que alimentam o discurso de ódio na cena política brasileira. Para tanto, cumpre o seguinte percurso: (i) identifica os itens lexicais que recuperam anafórica e pejorativamente partidos e/ou políticos de esquerda; (ii) captura <em>memes</em> cuja construção partem desses itens lexicais em foco; por fim, (iii) explicita as operações cognitivas envolvidas na criação de memes, tendo em vista os insumos advindos dos itens lexicais pejorativos referentes aos partidos e/ou políticos de esquerda. Como orientação teórica, este estudo reúne os trabalhos sobre Discurso de Ódio (Schäfer, Leivas e Santos, 2015), <em>Memificação </em>do ódio (Solano, 2018), Linguística Cognitiva (Chiavegatto, 2009; Salomão, 1999; Miranda, 1999), Semântica de Frames (Filmore, 1977; Ferrari, 2013); Léxico (Antunes, 2012; Laroca, 2003) e <em>Meme</em> (Marcuschi, 2002, 2008; Costa, 2005; Candido; Gomes, 2015). Como orientação metodológica, adota-se os princípios da Linguística de <em>Corpus </em>(Sardinha, 2000). Os dados para a compilação do corpus são extraídos da obra <em>O País dos Petralhas</em> (Azevedo, 2008). Os resultados apontam para o Macroframe POLÍTICA como orientador do corpus. Para a construção do discurso de ódio, uma das estratégias encontradas foi a criação de neologismos para identificas agentes políticos de Esquerda. Em ordem de frequência, temos: petralha, esquerdopata, petralhantra, petralhotário, petralhada, esquerdofrênico, esquerdiota. Para a produção de memes, na Internet destaca-se os termos petralha e esquerdopata. Cabe salientar que, tanto o discurso de ódio quanto o processo de memificação do ódio, partem do signo linguístico, sendo assim, os estudos da linguagem humana tem papel fundamental na identificação e funcionamento dessas estratégias. Logo, precisamos estar atentos, haja vista a defesa de uma arena pública mais segura para todos.</p>João Victhor Alves da SilvaCrysna Bomjardim da Silva Carmo
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2024-09-032024-09-0313247850210.47295/mgren.v13i2.1511O auto do burro: dramaticidade em “O burrinho pedrês”, de Guimarães Rosa
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1320
<p>O artigo tem como objetivo a análise da dramaticidade no conto “O Burrinho Pedrês”, de João Guimarães Rosa, publicado em <em>Sagarana</em> (1946). Em resposta a José Condé, Rosa (1946) afirmara sobre a narrativa ser uma espécie de “peça não-profana”. O presente trabalho objetiva análise de tal categorização à narrativa, como evidenciar os traços formais que a validem ou não. Subjacente, retomamos aqui as questões relativas à ideia de uma constante tensão e resistência entre um “senso de épico” e uma “vontade de individuação” (Motta, 2022; 2023).</p>Lucas Branco de Araujo Motta
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2024-09-032024-09-0313212410.47295/mgren.v13i2.1320Mulher na estrada: Edith Wharton e o relato de viagem turística
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1335
<p>Em meados do século XX, a viagem de carro foi se transformado, figurativamente, em uma expressão da liberdade masculina, capaz de abranger a existência do homem como parte essencial da relação automóvel-estrada. Contudo, embora o espaço público tenha sido socialmente construído como local de ocupação masculina, a história e a literatura evidenciam que a mulher sempre esteve buscando seu espaço. Esse fato se comprova, por exemplo, na obra <em>A motor flight through France</em> (1915), da escritora Edith Wharton, a qual evidencia que as mulheres também viveram o mesmo sentimento de liberdade ao usufruírem do carro. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é analisar como Wharton representa a experiência feminina na estrada a partir da obra citada, à luz dos textos de Howard (2001), Luchezi (2010), Totten (2015), Serrano (2014), entre outros.</p> <p> </p>Mirian Cardoso da SilvaYuri Juan de Oliveira
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2024-09-032024-09-03132253910.47295/mgren.v13i2.1335Quando o corpo é o ritmo e sexo é o protagonista: homoerotismo em The Platonic Blow, de W. H. Auden
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1344
<p>Esse ensaio objetiva analisar o homoerotismo em <em>The Platonic Blow</em>, de W. H. Auden, considerando o encontro sexual entre o eu lírico e Bud. <em>The Platonic Blow</em> é um poema narrativo composto de trinta e quatro estrofes, retratando a atividade sexual engajada pelo eu lírico e o homem desconhecido chamado Bud. O ato sexual, portanto, presume uma fusão entre estes dois homens. Ao tornarem-se um, eles não são mais duas pessoas distintas. Baseado nos estudos de erotismo de Paz (1996, 1973) e Bataille (1986), este ensaio também incluí contribuições de Lacan (2020a; 2020b; 2005) acerca do falo e do trabalho de Frappier Mazur envolvendo a palavra obscena na literatura pronogáfica francesa do século dezoito.</p>João Pimentel Santos Santana Coelho
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2024-09-032024-09-03132405010.47295/mgren.v13i2.1344Poesia de posse contra a propriedade: os ready-mades de Oswald de Andrade e Blaise Cendrars
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1350
<p>Este trabalho tem como objetivo analisar os diálogos entre as obras de Oswald de Andrade e Blaise Cendrars por meio do recurso da colagem e do ready-made, partindo do método vanguardista até a versão Antropofágica. Sabe-se que a primeira fase do Modernismo brasileiro foi marcada pela articulação com as correntes das Vanguardas Europeias. Em tal contexto, avaliaremos a hipótese de que Oswald de Andrade tenha “deglutido” a estética de Blaise Cendrars, criando um elo de ligação entre as tendências estrangeiras e o projeto artístico modernista. Para a análise comparada das relações estéticas entre o poeta brasileiro e o vanguardista, consideraremos as obras <em>Documentaires</em>, <em>Feuilles de Route</em>, <em>Dix-neuf poèmes élastiques</em> e <em>Pau-Brasil</em>. Como embasamento teórico, serão considerados os estudos sobre a estética vanguardista e modernista.</p>Natalia Bisio de Araujo
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2024-09-032024-09-03132517110.47295/mgren.v13i2.1350Teletandem literário/URCA: uma proposta de intercâmbio virtual com ênfase em experiências literárias
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1360
<p>O presente artigo visa apresentar as análises preliminares de uma pesquisa sobre Teletandem Literário (TTD-L) na Universidade Regional do Cariri (URCA). O TTD-L na URCA é um projeto piloto desenvolvido em parceria com as universidades de John Hopkins e de Georgetown durante os anos de 2021 e 2022. A pesquisa se divide em uma análise qualitativa de segmentos de áudio de uma sessão de mediação com interagentes e de uma análise quantitativa focada nos resultados de um questionário aplicado aos parceiros brasileiros. A partir destas análises, embasadas no aporte teórico socioconstrutivista, segundo proposto em Telles (2006), Salomão (2020), Ramos e Carvalho (2020), a pesquisa encontrou os seguintes resultados: a) dificuldades dos interagentes em lidar com o texto literário, b) ruptura das interações no contexto pandêmico, e c) potencial dos objetos literários como artefatos linguísticos e culturais na interação em TTD-L. Destarte, cabe ressaltar que este estudo traz indícios favoráveis à oferta de contextos tecnologicamente mediados para a fruição e para o estudo sistemático da literatura em língua materna e línguas adicionais.</p>Guilherme Mariano Martins da SilvaLudmila Belotti Andreu FunoDarley Pereira da Silva
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2024-09-032024-09-03132728910.47295/mgren.v13i2.1360A distopia inumana de Kazuo Ishiguro
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1385
<p>A escuta na área da saúde é imprescindível. A anamnese ou a “história do paciente”, fundamental na propedêutica médica, consiste numa entrevista do profissional de saúde destinada a obter do sujeito em sofrimento elementos importantes para o diagnóstico. Trata-se de um texto biográfico breve e pragmático, muitas vezes convertido num questionário padronizado, mas que não escapa a um grau de elaboração interpretativa por parte do entrevistador. Isto reflete a tendência à mecanização do atendimento de saúde, onde o distanciando dos agentes envolvidos na consulta compromete a possibilidade de um diálogo genuíno entre eles, podendo levar a um desequilíbrio de poder, com o predomínio do mais aparelhado sobre o mais vulnerável. Em situações extremas, esta assimetria pode conduzir a mecanismos de desumanização, como aquele denunciado no romance de ficção científica <em>Não me abandone jamais</em>, de Kazuo Ishiguro, onde a narrativa intimista de uma cuidadora num ambiente hospitalar torna-se um comovente e inadvertido documento de denúncia da submissão e do silêncio dos sujeitos ditos “pacientes”, ou seja, em condição de fragilidade e destituídos de voz. Neste artigo, utilizamos os referenciais da bioética (Chambers, Charon, Frank, Hayles) para discutir o recorte da Medicina narrativa nesta história que se alinha com o gênero da Ficção científica ao problematizar, especulativamente, o tema da clonagem humana.</p>Ermelinda Maria Araújo Ferreira
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2024-09-032024-09-031329010010.47295/mgren.v13i2.1385Literatura fantástica: leituras sobre Rosa e Rowling
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1386
<p>Este artigo constitui-se de um recorte do resultado da pesquisa concluída no Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino, intitulada “O Maravilhoso de Rowling encontra-se com Fantástico de Rosa na sala de aula”, pela Universidade Federal de Campina Grande. Trata-se de uma discussão sobre como os elementos fantásticos e maravilhosos estão circunscritos nas obras de João Guimarães Rosa e J.K. Rowling, assim como eles dialogam entre si e revisitam estruturas e categorias elementares dos contos de fadas, buscando encontrar elos entre a tradição literária e a literatura de massas. Neste sentido, os textos analisados foram os contos “Menina de lá” e “Os irmãos Dagobé”, de Guimarães, bem como “A fonte da sorte” e “O conto dos três irmãos”, de Rowling, visto que ambas as narrativas experimentam universos fantásticos e/ou maravilhosos, pois percebemos pontos de intersecção entre as modalidades de fantasia exploradas pelos autores, a fim de compreender os caminhos possíveis destas narrativas ao potencializarem elementos míticos e arquétipos no interior do texto. Para tanto, o trabalho é construído à luz dos estudos postulados por Ceserani (2006), Coelho (2000), Furtado (1980), Held (1980), Roas (2001; 2014), Rodrigues (1988) e Todorov (2014).</p>Egberto Guillermo Lima VitalMárcia Tavares SilvaTatiane Pereira Fernandes
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2024-09-032024-09-0313210112210.47295/mgren.v13i2.1386Leituras do Antropoceno em narrativas populares: uma análise da lenda do Curupira
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1393
<p>Este trabalho versa sobre a correlação entre a lenda do Curupira e o conceito geológico de Antropoceno, bem como aborda variações culturais da lenda e possibilidades pedagógicas que envolvem tradições populares brasileiras e o Antropoceno. Partindo desse pressuposto, o objetivo geral deste artigo é analisar as representações das ações humanas na natureza a partir da lenda do Curupira registrada pelo historiador Luís da Câmara Cascudo, considerando possíveis repercussões no atual contexto socioambiental brasileiro, seus signos e correlações culturais. Para isso, busca-se refletir criticamente sobre os conceitos de Antropoceno e memória no âmbito de narrativas populares baseadas na tradição e na oralidade; analisar a pertinência e as transformações do debate literário acerca dos impactos gerados por ações humanas na natureza; e observar comparativamente os desdobramentos da narrativa nos registros escrito e audiovisual com base na discussão acerca da crise ambiental contemporânea. Além disso, o trabalho apresenta uma análise da adaptação audiovisual da lenda do Curupira na obra seriada “Cidade Invisível”, assim como uma análise das possíveis abordagens pedagógicas dos assuntos discutidos. Por fim, o método utilizado tem por base a revisão da bibliografia teórica acerca dos conceitos trabalhados para interpretar a narrativa do Curupira.</p>Ronaldo Henrique Barbosa JuniorAdriano Carlos Moura
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2024-09-032024-09-0313212313410.47295/mgren.v13i2.1393Bios-grafias das mil rosas roubadas: uma leitura crítica biográfica da juventude em Silviano Santiago
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1398
<p>O presente artigo objetiva explanar uma leitura da obra <em>Mil rosas roubadas </em>(2014) a partir do conceito de <em>grafias-de-vida </em>(Santiago, 2020) e da epistemologia crítica biográfica (Souza, 2002). No livro <em>Fisiologia da Composição</em>, publicado em 2019 pelo crítico Silviano Santiago, a dita “relação homológica” entre o corpo do autor e a escrita na literatura é trazida à luz pelo conceito de <em>grafias-de-vida</em>, dessa concepção,a literatura é um processo composicional no qual o <em>corpo</em> se inscreve em forma de vocábulo. Sendo assim, a leitura da obra<em> Mil rosas roubadas </em>(2014) realizada neste artigo, guiou-se pelo conceito de grafias-de-vida, relacionando a obra com a juventude do autor e evidenciando as <em>grafias</em> por nós encontradas. Para tanto, usaremos como aparato teórico o livro<em> Fisiologia da Composição</em> (2019) e o ensaio “MIL ROSAS ROUBADAS: a metáfora de (re)contar uma vida”, dos pensadores Pedro Henrique Alves de Medeiros e Edgar Cézar Nolasco, para conceituar as <em>grafias-de-vida</em>, ademais, nos valemos das proposições do próprio romance para traçar a relação entre vida, <em>corpo</em> e inscrição. Por fim, nossa reflexão se baseia em uma epistemologia crítica biográfica (Souza, 2002) que marca nosso pensamento em relação à <em>natureza compósita </em>da literatura de Silviano. Espera-se, portanto, evidenciar a relação entre corpo e literatura constatadas por Silviano Santiago no conceito de <em>grafias-de-vida</em>, além de apresentar a relação entre a inscrita biográfica na obra <em>Mil rosas roubadas</em> (2014) e a juventude do autor.</p>Indayá de Souza NogueiraEdgar Cézar Nolasco
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2024-09-032024-09-0313213514710.47295/mgren.v13i2.1398Feições decadentes: uma leitura de Estive em Lisboa e lembrei de você
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1400
<p>Em 2009, o escritor Luiz Ruffato publicou a novela <em>Estive em Lisboa e lembrei de você</em>, cujo protagonista, o mineiro Serginho, após recorrentes fracassos, decide migrar para Portugal. Durante a narrativa, são apresentadas personagens portuguesas, que, apegadas a um passado de conquistas, demonstram dificuldades em lidar com a realidade em que vivem. Diante disso, o objetivo deste trabalho é verificar em que medida algumas personagens lusitanas de <em>Estive em Lisboa e lembrei de você</em> são caracterizadas por um déficit de realidade e como, frequentemente, na narrativa, a Portugal é endereçado o rótulo de país decadente. Além disso, analisamos a produtividade do diálogo com Fernando Pessoa para a feição decadente do protagonista. Para tanto, foram lidos e analisados os seguintes textos literários: <em>Estive em Lisboa e lembrei de você</em> e o poema “Tabacaria”, de Fernando Pessoa-Álvaro de Campos. A fim de investigar a representação de Portugal como um país decadente ou periférico, buscamos suporte teórico em Boaventura de Sousa Santos (2003) – em cujo texto “Entre Próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade” afirma que, desde o século XVII, Portugal ocupa uma posição semiperiférica –, Margarida Calafate Ribeiro (2003) e Eduardo Lourenço (2012). Foram indispensáveis, na elaboração da análise, as formulações teóricas de Laurent Jenny (1979) sobre a intertextualidade. Os resultados apontam para a conjugação de feições decadentes na novela: a das personagens portuguesas – que sugere a posição semiperiférica de Portugal – e a do protagonista, o brasileiro, que, desempregado, vai morar na periferia de Lisboa e aceita trabalhar como ajudante de pedreiro. Por fim, consciente de seu fracasso, o protagonista, ao final da novela, dialogando com o poema “Tabacaria”, de Pessoa-Campos, entra em uma tabacaria para comprar cigarros, único alívio para aquele que está cônscio de que falhou em tudo.</p>Elayne da Silva PortoCarina Marques Duarte
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2024-09-032024-09-0313214817210.47295/mgren.v13i2.1400À mercê do indizível: uma leitura da poética de Ana Cristina Cesar à vista do real lacaniano
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1415
<p>Ana Cristina Cesar escreveu em alguns poucos anos (1961 a 1982) obra vasta e inesgotável de interpretação, misteriosa gama de sentimentos intensos vez disfarçados nas entrelinhas, vez gritados em verso. Este artigo<a href="#_ftn1" name="_ftnref1"><sup>[1]</sup></a> busca aproximar-se de sua poética visando a figuração do real na obra publicada e não publicada, ao decorrer de vários momentos da vida literária da poeta, utilizando como fonte de análise o volume <em>Poética</em>, compilação de sua produção poética completa. A concepção de real trabalhada é a de Lacan, respaldada por leituras do próprio autor e de dois comentadores do seu conceito, Badiou e Prigent. O artigo parte, então, de uma breve apresentação de Ana Cristina Cesar, seguida da explicação do real que é utilizada na análise, e, finalmente, desenvolve-se uma relação entre real psicanalítico lacaniano lido na poesia de A. C. Cesar, através de análises de seis poemas de diferentes pontos de sua carreira, desde a adolescência à vida adulta.</p>Milena SmiderleWaléria Nunes
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2024-09-032024-09-0313217318910.47295/mgren.v13i2.1415Ut pictura poesis: o silêncio de Vênus entre Poliziano e Botticelli
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1464
<p>Este artigo explora o <em>ut pictura poesis</em> como uma teoria da arte renascentista. O famoso verso de Horácio, o qual compara as duas artes, se torna um mantra entre os pintores renascentistas como um meio de elevar a pintura ao status da poesia. Portanto, faz-se esta investigação através do cotejo entre a obra de Angelo Poliziano: Stanze per la giostra e a pintura de Sandro Botticelli: O nascimento de Vênus.</p>Giulia Munhoz
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2024-09-032024-09-0313219020310.47295/mgren.v13i2.1464Nomadismo e não-lugares: uma análise do espaço narrativo em Rastros do verão, de João Gilberto Noll
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1483
<p>Sujeitos errantes que perambulam por <em>não-lugares</em>, ou seja, espaços que não contemplam o caráter identitário, relacional e histórico na acepção de lugar antropológico, conforme Augè (1994), são frequentes na obra de João Gilberto Noll. Em <em>Rastros do verão</em>, originalmente publicado em 1986, tem-se um narrador protagonista anônimo que se coloca como aquele que está sempre de passagem, sem bagagem. Atravessado por relações efêmeras com as demais personagens, também anônimas, esse viajante amplifica cenas do cotidiano ao mesmo tempo em que se deixa levar pelo acaso. O objetivo central desse trabalho é a análise da errância, concentrada em um espaço narrativo urbano, em <em>Rastros do verão,</em> com base em Augè (1994), Johnson (2009), Kristeva (1994) e Maffesoli (2001).</p>Ingrid Rafaela Pinheiro BernardoJaqueline Castilho Machuca
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2024-09-032024-09-0313220421710.47295/mgren.v13i2.1483Das vítimas e dos algozes: a polifonia em K.: relato de uma busca, de B. Kucinski
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1487
<p>O romance <em>K.: relato de uma busca</em>, do jornalista e escritor B. Kucinski, publicado pela primeira vez em 2011, narra a infindável procura de um pai, o personagem K., por sua filha que “foi desaparecida” durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Temática tão árdua não poderia ser narrada por apenas uma voz do discurso nem apresentada em um único gênero textual, mas, sim, por meio de uma manifestação com diferentes vozes, como exemplificam os enunciadores dos capítulos “Paixão, Compaixão”, “Os desamparados” e “A cadela”: o primeiro é narrado por uma advogada que lida com a rejeição da família por ter se envolvido com um algoz para salvar o irmão; o segundo, por um pai que narra acerca da perda do filho, também um desaparecido político; e, por fim, o terceiro é narrado por um algoz do regime militar que, após o sequestro de A. e de seu marido, fica encarregado de cuidar de Baleia, a cadela do casal. Diante do exposto, objetiva-se analisar a obra de Kucinski (2016), mais especificamente os capítulos mencionados, ancorados no conceito de “polifonia”, de Bakhtin (2010), a fim de compreender a forma pela qual as diferentes vozes permeiam a narrativa, ora relacionadas às vítimas, ora relacionadas aos algozes.</p>Gustavo Luis de OliveiraBruna Fontes Ferraz
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2024-09-032024-09-0313221823210.47295/mgren.v13i2.1487Imagens e palavras: uma análise sobre O Conto da Aia e a série The Handmaid’s Tale
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1488
<p>Esta pesquisa tem como objeto de estudo a obra <em>O Conto da Aia</em> (1985), de Margaret Atwood, e a sua adaptação para a televisão criada por Bruce Miller. Dessa maneira, o trabalho visa uma discussão acerca da teoria da adaptação de Hutcheon (2011), dos estudos sobre intermidialidades e pontos de vista cinematográficos, além de uma análise sobre os silêncios e sobre a presença da subalternidade na personagem central das obras. Para isso pretende-se investigar, por meio da análise literária e da análise intermidial, como a narradora-protagonista vê a sua posição social no atual contexto em que se encontra, além de expor algumas intertextualidades presentes nas obras. Como metodologia para este trabalho utilizamos um arcabouço teórico pautado no estudo da teoria da literatura, na crítica literária feminista, nos estudos de gênero e nas análises intermidiais, como os estudos de Mulvey (1975), para auxiliar na investigação dos estudos de subalternidade utilizamos as contribuições de Gayatri Spivak e nos valemos do trabalho de Oliveira (2020) para analisar os silêncios das personagens. Assim, pretende-se realizar, para além de uma análise sobre o perfil da mulher que narra o livro e a série, The Handmaid’s Tales, mas também apontar como as mulheres são subjugadas por seu papel específico nas sociedades, apontando como os focos narrativos e cinematográficos proporcionam a discussão sobre o posicionamento da mulher dentro e fora das obras.</p>Tainá Dias de CastroNatália Fontes de Oliveira
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2024-09-032024-09-0313223324610.47295/mgren.v13i2.1488Debates críticos nos Ensaios Literários: a nascente literatura brasileira segundo Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1493
<p>Este artigo analisa os ensaios críticos “Alfred de Musset — Jacques Rolla”, de Álvares de Azevedo e “Reflexões Sobre a Poesia Brasileira”, de Bernardo Guimarães. Ambos foram publicados nas folhas do periódico acadêmico paulista <em>Ensaios Literários</em> (1847 – 1850) e fazem parte do pequeno, mas valioso, acervo crítico dos autores. É feita uma discussão a respeito da influência do comparatismo francês do século XIX no pensamento dos escritores e como cada um concebia a literatura brasileira a partir dele, como também o que pode ter motivado divergências e convergências críticas entre eles.</p>Luís Otávio Rocha NascimentoNatália Gonçalves de Souza Santos
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2024-09-032024-09-0313224726510.47295/mgren.v13i2.1493A terra e os túmulos: metáforas da memória em Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksiévitch
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1510
<p>A escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch se notabilizou por criar em seus livros coleções de relatos orais de testemunhas anônimas de marcos históricos da União Soviética. Em oposição à historiografia oficial, que privilegia os grandes personagens e acontecimentos, sua obra destaca memórias de pessoas comuns que tiveram suas vidas atravessadas por esses eventos. Para isso, a voz da autora pouco aparece textualmente em seus livros, de modo a fazer com que as vozes das testemunhas contem suas próprias histórias. No entanto, para que essas histórias isoladas ganhem o aspecto coletivo necessário para a transmissão do testemunho, a autora se vale de estratégias de seleção e organização dos relatos. Em <em>Vozes de Tchernóbil</em>, uma dessas estratégias é a repetição de certas imagens em diferentes testemunhos, como por exemplo a terra e o túmulo. Como afirma Aleida Assmann (2021), a terra e o túmulo são algumas das muitas metáforas da memória, imagens que se tornaram essenciais para a compreensão teórica e conceitual sobre a recordação. Tendo em vista que memória e esquecimento são temas centrais da obra de Aleksiévitch, acredito que a recorrência deliberada dessas imagens se torna uma forma da autora ligar histórias particulares a um imaginário coletivo sobre a recordação. Sendo assim, este trabalho propõe analisar como as diferentes aparições dessas imagens em <em>Vozes de Tchernóbil</em> podem estar relacionadas a um pensamento conceitual, a partir de uma breve arqueologia da terra e do túmulo como metáforas da memória.</p>Raphael Domingos de Ávila
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2024-09-032024-09-0313226627810.47295/mgren.v13i2.1510De Proteu a Icaro em Antonio Cicero: mito e filosofia na poesia contemporânea brasileira
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1522
<p>Desde os primórdios da civilização, as figuras mitológicas permeiam o imaginário popular, pois os deuses eram evocados constantemente em virtude de grandes feitos e situações fantásticas inimagináveis para um mero mortal. Eles foram cultivados como forma de fuga da realidade, ou seja, eram seres sublimes que viviam concomitantes ao mundo real. Desse modo, a mitologia surgiu como uma forma de auxiliar o homem a lidar com as eventuais dificuldades humanas. Na Antiguidade, a origem da poesia era atribuída também às divindades, como era o caso das Musas, tendo estas uma grande influência dentro da poesia arcaica. Esta era considerada sagrada e fazia parte de uma sociedade que ainda não possuía o conhecimento da escrita como forma de manter preservado o passado. Em virtude disso, e devido à tamanha influência desde Homero, é inevitável encontrar resquícios dos grandes feitos mitológicos na poesia moderna, uma vez que parte considerável dos poetas dos séculos XIX e XX escreveram sobre ou citaram os grandes feitos dos deuses. A partir disso, este aritgo intenta fazer uma análise dos poemas “Proteu”, publicado no <em>livro A cidade e os Livros</em> (2002), e “Icaro”, publicado no livro <em>Porventura</em> (2012), avaliando sua compatibilidade comparativo-analítica com textos que trabalharam a relação entre o mito, a poesia e a filosofia, e as grandes obras mitológicas, principalmente a <em>Teogonia</em>, publicada provavelmente entre VIII e VII a.C., de Hesíodo e <em>Metamorfose</em>, de Ovídio, publicada em VIII a.C.</p>Sara Gonçalves RabeloJuliana Moreira de SousaGuilherme Mendonça de Oliveira Buiatti
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2024-09-032024-09-0313227929110.47295/mgren.v13i2.1522O discurso realista em dois contos de Machado de Assis e Guy de Maupassant
http://revistas.urca.br/index.php/MigREN/article/view/1849
<p>Este artigo analisa contos de dois autores pertencentes à tradição da literatura realista, Machado de Assis e Guy de Maupassant. Analisamos como o discurso realista aparece nas obras dos dois ficcionistas por meio de uma perspectiva comparada e da observação do realismo formal no conto do século XIX. Nesse sentido, a partir de O caso da vara, de Machado de Assis, e Bola de Sebo, de Guy de Maupassant, buscamos tratar de como o discurso realista aparece em ambos os contos a partir de conceitos como <em>apadrinhamento</em> e <em>decoro</em>, e como eles evidenciam questões sinuosas das relações sociais e revelam a condição humana com ironia e mordacidade. Assim, mesmo os autores pertencendo a culturas literárias distintas (brasileira, em Machado, e francesa, em Maupassant), cada um, à sua maneira, desnuda a realidade e mostra uma situação por meio da ótica de classes subalternizadas e silenciadas.</p>Larissa Ingrid Pinheiro de França BezerraNewton de Castro Pontes
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2024-09-032024-09-0313229230910.47295/mgren.v13i2.1849