"As minorias têm que se adequar”: a exclusão do sujeito no discurso autoritário
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v12i3.960Palavras-chave:
Discurso autoritário, Formações imaginárias, Vontade de verdadeResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar a construção do inimigo, pelo processo discursivo, a partir do discurso proferido por Jair Bolsonaro, em 14 de julho de 2022. Pretendemos, com esta análise, compreender o processo de construção do outro como inimigo que legitima a imagem de si com base no conceito de formação imaginária, e entender os efeitos de exclusão do sujeito operados nessa relação. Nossa pesquisa ancora-se na teoria do discurso materialista, por meio dos estudos de Pêcheux (2006, 2014) e de Orlandi (2011, 2012), da concepção de formações imaginárias tratada por Orlandi (2012), das noções de formação discursiva, de exclusão e de vontade de verdade trabalhadas por Foucault (1996, 2008), e da construção do inimigo em Eco (2021). A metodologia adotada é de caráter qualitativo, de cunho bibliográfico, em um processo interpretativo e reflexivo em que o corpus de análise é constituído pelo discurso proferido por Bolsonaro, veiculado pelo site da UOL, na notícia de manchete: “Bolsonaro contraria Constituição e diz que ‘minorias têm que se adequar’”. A pesquisa se justifica por expor o perigo da proliferação indefinida de determinados discursos que portam uma vontade de verdade sobre o outro. Nossa hipótese é de que a construção do outro como inimigo se torna a ferramenta indispensável de regimes de traços autoritários que marca a posição ideológica daquele que fala, além de mostrar como o discurso (re)coloca em circulação o interdiscurso. Conclui-se, nesta pesquisa, que o discurso proferido pelo ex-presidente carrega uma vontade de verdade que, em um processo discursivo, constrói o outro para combatê-lo e excluí-lo a fim de legitimar e manter o poder.
Referências
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