O soldado espanhol e o guerreiro tupi: a variação linguística na poesia de Gonçalves Dias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47295/mgren.v12i3.808

Palavras-chave:

Sociolinguística, Variação linguística, Romantismo, Poesia, Gonçalves Dias

Resumo

O presente artigo tem como objetivo identificar a variação linguística na obra poética do literato romântico Gonçalves Dias, mais especificamente em seus poemas “I-Juca-Pirama” e “O soldado espanhol”, pertencentes às obras Primeiros cantos, de 1846, e Últimos cantos, de 1851, respectivamente. Dessa forma, busca-se promover o diálogo entre os componentes teóricos da Literatura, como o eu-poético, a metrificação e o ritmo, e da Sociolinguística, a variação linguística, variantes e condicionadores extralinguísticos. Esse percurso define a pesquisa como qualitativa-exploratória e de método bibliográfico. A pesquisa apresenta reflexões necessárias acerca das relações entre o romantismo e a linguística, e sobre a multiplicidade de vozes na obra poética. Foi possível, ao longo da análise dos poemas, notar a presença de variação de natureza fonológica, morfológica e lexical e que seu emprego está submetido aos propósitos expressivos do literato, seja no que concerne à forma, seja ao conteúdo, de forma que sua causa nem sempre está em consonância com aquelas já comuns nos estudos da Sociolinguística. São empregadas como aporte teórico as reflexões de Bortoni-Ricardo (2014), Coelho et al (2018), Moisés (1987), Freud (2020) e Jung (2013). Nesse sentido, este trabalho se torna relevante devido à busca pela integração dos conhecimentos, de modo que contribui para uma reflexão que poderá, em outro momento, ser levada à sala de aula.

Biografia do Autor

Eduardo Oliveira Melo, Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão

Mestrando em Letras no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLe) da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL) na linha "Literatura, diálogos e saberes". Graduado em História (licenciatura) pela Universidade Estadual da Região Tocantina (UEMASUL), Campus de Imperatriz.

Gilberto Freire de Santana, Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão

Professor Adjunto IV da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), coordenador e professor permanente do Curso de Mestrado em Letras da UEMASUL, docente permanente do Curso de Mestrado em Letras da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Doutorado em Letras, Teoria Literária, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011), mestrado em Letras, Teoria Literária, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), graduado em Comunicação Social - Jornalismo, pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (1981). 

Maria da Guia Taveiro Silva, Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão

Professora adjunto IV, da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). Tem formação em Letras Português e Inglês, pela Universidade Estadual do Maranhão (1988) e em Pedagogia, pela Universidade Federal do Maranhão (2001). É mestre em Educação (2007), pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Linguística (2012), pela mesma Universidade. Fez estágio de doutorado, financiado pela CAPES, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), USA, (2010-11). 

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Publicado

2023-12-21

Edição

Seção

Artigos - Estudos Literários