Representação discursiva identitária sobre o favelado na música de funk “Sou favela”, de MC Bruninho e Vitinho Ferrari
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v13i2.1508Palavras-chave:
Análise de Discurso Crítica, Representação discursiva identitária, Funk, FavelaResumo
O presente trabalho propõe analisar a representação discursiva identitária sobre o favelado na letra de funk “Sou Favela”, de MC Bruninho e de Vitinho Ferrari. Para realizar tal propósito, embasamo-nos na teoria/método da Análise de Discurso Crítica (ADC) na abordagem dialético-relacional, mais especificamente no modelo tridimensional (Fairclough, 2001). Também partimos dos estudos sobre representação discursiva (Ferreira, 2010) e sobre identidade (Woodward, 2014). Com base no modelo tridimensional, usamos as categorias de análise prática discursiva, texto e prática social: na prática discursiva, analisamos os processos de produção, distribuição e consumo; na prática textual, analisamos os itens lexicais presentes na canção que apontam para a representação identitária do favela; e na prática social, analisamos as bases ideológicas e hegemônicas da representação identitária do sujeito favela na música de funk. No nível da prática discursiva, percebemos que todos os indivíduos envolvidos no processo de produção da música vêm de comunidades periféricas, desde os produtores (DJ DG e Batidão Estronda), os intérpretes da música (MC Bruninho e Vitinho Ferrari), até o canal da plataforma de streaming que foi divulgado (GR6 EXPLODE) e que tece uma rede de práticas e sentidos sobre a representação do ser favelado para o público consumidor. Na prática textual, léxicos e suas relações semânticas evidenciaram que o favelado é representado como um sujeito racializado, marginalizado e economicamente pobre. Por fim, sobre a prática social, constatamos valores ideológicos de aporofobia e racismo, assim como constatamos a hegemonia capitalista e a supremacia branca na sustentação da representação analisada.
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