Do Simbolismo decadentista ao Orfismo português: o eu profundo em Camilo Pessanha e Fernando Pessoa
DOI:
https://doi.org/10.47295/mgren.v13i1.1271Palavras-chave:
Simbolismo, Orfismo, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Eu profundoResumo
A forma peculiar com que se articulam em simultaneidade várias tendências literárias em Portugal resultaram numa diversa significação desses movimentos, tendo em vista as intrincadas paisagens nas quais as práticas artísticas articulam formas do dizível, do sensível e do factível em um momento de ebulição das instituições políticas, de multiplicação de mundos imaginários-imagináveis e dos embates ideológicos e culturais em solo europeu. Nossa tese, na esteira de uma leitura reversível e de inspiração genealógica dos movimentos, começa pelo pressuposto de que o orfismo português, apesar das suas inovações frente aos movimentos anteriores, preservou confluências do simbolismo decadentista, sendo possível a identificação de alguns desses elementos, principalmente, no caso deste ensaio, na materialização poética de um eu profundo, tanto na obra de Camilo Pessanha, como na de Fernando Pessoa. A nossa investigação é de cunho, principalmente, bibliográfico e analítico. Partimos da contextualização das tendências simbolista decadentista e orfistas com Moisés (2004) e Balakian (2000); buscamos algumas aproximações entre os poetas em Rubim (2023) e Lourenço (1974); por fim, analisamos nossos principais objetos, os poemas “Porque o melhor, enfim”, de Pessanha (1920) e "Às vezes medito”, de Álvaro de Campos, heterônimo de Pessoa (1928) atentos a contribuição de Bergson (1988) na distinção entre eu superficial e eu profundo. Nossa leitura pretende demonstrar como esses conceitos exercem um papel central na compreensão de alguns impasses poéticos e formais percebidos em ambos os poetas.
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