“MUNDO MAQUINAL”
NATUREZA E VIOLÊNCIA EM “AS MARGENS DA ALEGRIA”, DE GUIMARÃES ROSA
Palavras-chave:
Brasília; Menino; Natureza; Trauma; MáquinasResumo
O crítico Finazzi-Agrò (2012) assinalou um silêncio na historiografia rosiana sobre a referência histórica a construção da “grande cidade”, leia-se Brasília, no primeiro e último conto das Primeiras estórias, “As margens da alegria” e “Os cimos”. Os dois eventos são contemporâneos, ocorreram, respectivamente, em 1960 e 1961. A partir desta notação, analisamos neste artigo os liames entre natureza e violência no primeiro relato. Nossa hipótese é que a narrativa enuncia um espaço de dilapidação da natureza, a cidade moderna mais “levantada” do mundo leva de roldão todo um espaço natural, se circunscreve ao espectro das “ruínas ecológicas da modernidade”. Para tanto, nos baseamos nos pressupostos teóricos da ecocrítica materialista, isto é, recorremos a interface corporal entre o humano e não humano. O Menino, protagonista d’“As margens da alegria”, estabelece uma relação corporizada com a natureza por meio da noção de transcorporalidade. No primeiro momento, o belo natural é acedido através do contentamento pela visão do “peru imperial” e do locus amoenus. Logo após, esse encontro se converte em trauma, encontra-se com o mundo da “circunstristeza”: o espaço hostil das máquinas que constroem o “monumento”.
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