O ZUMBI DE MANSINHA, DE JAYME GRIZ

O ESTRANHO NA ZONA DA MATA SUL DE PERNAMBUCO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47295/mren.v14i1.1937

Palavras-chave:

Jayme Griz, Literatura, sobrenatural, Estranho

Resumo

Este artigo visa analisar o conto O zumbi de Mansinha, de Jayme Griz. Calcado nos condicionantes teóricos propostos por Ernst Jentsch, Sigmund Freud e Tzvetan Todorov, para refletir sobre os parâmetros conceituais que regem o estranho na esfera literária, adotamos como categoria analítica a forma como o insólito é percebido no relato. Com base na abordagem dialética, na qual as inferências estéticas exigem apreender o texto invocando o externo para auxiliar na interpretação da fatura textual, percebe-se que os personagens possuem visões singulares a respeito do sobrenatural que invade a Zona da Mata Sul de Pernambuco. Desse modo, a transformação da vaca, nominada de Mansinha em zumbi, e sua aparição no Engenho Liberdade são assimiladas pelo senhor de engenho, Amaro Padre, João de Nêga e Cícero como ocorrências sem explicação racional, percepção que converge para as proposições de Jentsch e Freud, que vinculam o inquietante e o estranho a fenômenos não familiares. Por seu turno, a visão imanente da leitura todoroviana não permite situar o conto griziano no âmbito do estranho; as leis que regem o mundo não o explicam, tampouco as aparições do zumbi da vaca morta aludem a coincidências.

 

Biografia do Autor

João Pereira, UFRPE

Professor do Departamento de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares da Linguagem - PROGEL, na UFRPE.

 

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Publicado

2025-04-07

Como Citar

Pereira, J. (2025). O ZUMBI DE MANSINHA, DE JAYME GRIZ: O ESTRANHO NA ZONA DA MATA SUL DE PERNAMBUCO. Macabéa - Revista Eletrônica Do Netlli, 14(1), 47–61. https://doi.org/10.47295/mren.v14i1.1937